terça-feira, 15 de dezembro de 2015



A DESCOBERTA

Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam por a mão
E depois a tomaram como espantados
primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
as meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha.

OSWALD DE ANDRADE

Pintura: João Calixto

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015


Perdida na escola

Há um tempo atrás
Velho demais para mim
E um tempo para frente
Novo a não reconhecer

Este verso estranho e
Andrógino
Fica no meio

Nem é aqui
Que me acho.

Adriane Garcia

Arte: Pintura de Marlene Dumas