quarta-feira, 31 de agosto de 2011

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COWBOY COCA-COLA

Ela atendeu ao telefone e me disse que estava sozinha e cansada. Mas parecia que estava atendendo ao telefone da cama e que estava com mais alguém. Cismei que estava mesmo com outra pessoa na cama e disse isto para ela. Em seguida ela bateu o fone do mesmo jeito que vinha fazendo de uns tempos para cá...

- Não me ligue mais...

Agora ela desligava o fone na minha cara por qualquer coisa, mas quando a conheci era diferente. Ela ficava o tempo todo falando que eu me parecia com o Clint Eastwood e que tinha o cabelo parecido com o de Robert Redford... Agora a coisa é outra... Ela passeia com seu namorado, um cara que mais parece um soldadinho de chumbo, obediente prá caramba, seguindo-a como uma sombra.

- Sei que você está com ele... O seu garotinho de recados... Não acredito que teve a coragem de me trocar por ele...

- Já te pedi para não me ligar mais... Você é um cowboy fajuto... Você não passa de um cowboy coca-cola...

- O que te fiz de errado? Posso saber?

Mas ela nunca falava e por fim desligava o fone na minha cara:

- Não me ligue mais, por favor...

Passei a andar sozinho na noite. Como um lobo fuçando os becos noturnos. O brilho das estrelas, a fachada das lojas e os luminosos me atraiam. Passeava minhas botas por toda calçada onde qualquer festa estivesse rolando. Minha tristeza era evidente. Não queria mais ninguém ao meu lado. Acontecia às vezes de ficar numa esquina, no meio de uma chuva que por acaso estivesse caindo. Ficava ali observando as pessoas se escondendo, enquanto eu aceitava a chuva como um lenitivo para minha indiferença. Até o meu relógio parecia se mover lentamente, mas passara já um bom tempo... Sei lá se quatro ou cinco anos... Nunca mais soube dessa mulher... Era raro, mas acontecia às vezes de sonhar com ela... Embora soubesse que isso era coisa do passado e, desta maneira, procurava esquecê-la...

- Ela já deve estar muito longe dessa cidade... Com certeza sim...

Ultimamente eu gostava mesmo era de ficar em casa. Abrir uma lata de cerveja e assistir aos filmes de cowboy na TV... Para isto eu puxava as cortinas da sala... Ficava confortável no sofá e me metia num mundo que somente eu habitava.

- Deus abençoe a televisão...

Numa tarde de sábado estava vendo o final de uma das aventuras do mascarado Zorro que sempre ofertava uma bala de prata ao desfavorecido que fosse auxiliado por ele e, resolvida a questão, Zorro rapidamente saia e empinava o seu cavalo: “Aioouu, Silver!”. Depois partia rumo a novas aventuras junto com Tonto, um índio que era o seu fiel escudeiro... Então, de repente, o telefone tocou... Deixei de lado o final do Zorro e fui atender...

- Sim... Pois não... Sou eu mesmo...

Eu reconheci imediatamente a voz daquela ingrata. Agora, cinco anos depois, ela me ligava.

- O que você quer?... Disse eu rispidamente para encurtar a conversa.

- Ver você...

- Mas e o soldadinho de chumbo? Dispensou o moleque?

- Não começa... Só queria te ver...

Fiquei um tempo em silêncio e depois respondi que topava falar com ela. Falei dos motivos porque eu toparia voltar a vê-la. Disse da impertinência dela em ter me tratado como um cachorro sem dono há cinco anos. Acrescentei que minha vida mudara muito e que nem queria mais saber de perder tempo com aventuras. Falei tanto, desabafei de verdade, mas logo percebi que estava falando sozinho:

- Alô... Alô...

Ela tinha desligado, e esta foi a última vez que soube da pessoa que mais amei.


(Beto Palaio)


Arte:Robert Mars - Bottoms Up - 2008 - Técnica mixta

terça-feira, 30 de agosto de 2011


Lolita no Japão (uma sinopse)

Relações Literárias
VLADIMIR NABOKOV
por Anthony Burgess
Não tenho sido inflenciado por Nabokov nem pretendo ser. Já escrevia da maneira como escrevo antes de saber que ele existia. Mas fazia quase uma década que um escritor não me impressionava tanto... Nenhuma influência. Ele é russo, eu sou inglês. Temos alguns dons naturais em comum. Porém ele é muito artificial... Nabokov é um dândi inato, em escala internacional. Ainda sou um garoto provinciano receoso de estar vestido com eloquência exagerada. Todo escrito é artificial e os artefatos de Nabokov são planejados na parte récit. O diálogo é sempre natural e magistral (quando ele quer que seja) Pale fire só é chamado de romance porque não existe outro termo para ele. Um magistral artefato literário que é poema, comentário, livro de referência, alegoria, estrutura pura. Mas noto que a maioria das pessoas volta a ler o poema, não o que rodeia o poema. Naturalmente, é um execelente poema. Creio que Nabokov se dá mal, é às vezes, por parecer antiquado - uma questão de ritmo, como se para ele Huysmans fosse um escritor moderno e conceituado, cuja tradição merecesse ser imitada... Ele não ficará na história como um dos maiores nomes. Não chega aos pés de Joyce.

por Gore Vidal
Costumava ler Nabokov com prazer - gostava dele, não tanto quanto ele gostava de si, mas de todo modo gostava... Admiro-o bastante. Dizem que ele retribui o elogio. Nós trocamos insultos majestosos na imprensa. Pouco depois de eu anunciar que estava contribuindo com cem dólares para o fundo de Angela Davis em nome de Nabokov - para melhorar sua imagem -, ele respondeu garantindo a um entrevistador do New Yok Times que eu tinha me tornado católico apostólico.

por Martin Amis
Sinto que minhas influências são uma mistura de Bellow e Nabokov. Below tende mais para a vida atual, Nabokov é mais terrível e também mais agradável.

Clique para acionar o Projeto Gift (comentários de Nabokov sobre seu livro "The Gift")

segunda-feira, 29 de agosto de 2011


DELETE

Nisto o autor deu-se por entendido. Displicentemente dobrou as folhas,
nervoso ao apertá-las nesse intento. Sua constância deixou de ser
coerente. Escrevera tudo aquilo como que trocando nossas letras por
um prato de comida. Algo para se sentir um mendigo. Até que sua
consciência lhe cobra um paradeiro: “você ainda está perseguindo o
tema?”. E o autor dizendo destemperadamente: “não viu que guardei-
o?”. Mas ainda é sua consciência quem cobra: “mas, e o final?”.
Farfalhando folhas, o autor tresloucado passa a rasgar o calhamaço
de um romance promissor: “o final está aqui!”, diz, sem piedade,
picando o imbróglio. Ele prefere a fuga, ao invés de um universo
inteiro que sempre lhe oferece soluções nas miragens criativas... “Toma!
Toma!”... E depois parte para o computador, onde aquele texto flutua
em folhas eletrônicas, inventadas para nos entreter, e tchum na tecla
DELETE. Apagando tudo. Aooooooo! Uivando como um lobisomem
ferido. Sentindo-se vazio na companhia de polvos, cracas e ouriços
numa gruta marinha qualquer. Um mundão de letras em fuga
se comprimem na escada rolante da saída. Letras que retornam à
sopa universal. Antes eram idéias incolores cinzas que dormiam
furiosamente. Porém em ordenada prontidão como em aríete, colar,
cocada, escada, lei-do-cão, ovelhas, pirilampos, pacto, inferno,
verdade... Porém, de si para si, ele diz que palavras são
mentiras de ocasião. Agora, até sente um alívio. O todo do texto está
deletado e afundou na neblina azul-cinzenta na tela do laptop... E
depois se finí... Como na vida real...

Beto Palaio

domingo, 28 de agosto de 2011

O INVISÍVEL


"...tempo é um tecido invisivel em que se pode bordar tudo, uma flor, um pássaro, uma dama, um castelo, um túmulo. Também se pode bordar nada. Nada em cima de invisivel é a mais sutil obra deste mundo, e acaso do outro."
Machado de Assis

(...) sou invisível mas tu podes ver-me...é que por vezes tornam-nos indiferentes, sentam-nos e tudo pára à nossa volta. Deixa-me estar assim uns momentos porque à algum tempo caminhei para trás e não quero ser a última a chegar...acendo a luz, afasto os fantasmas, a tua ausência amplia-me o desconforto...és um pedaço do meu céu, do meu firmamento e torna-se necessário impedir que caias. Apetece-me a serenidade despida, são idéias minhas mas oscilo, exclamações contrariadas de tempos a tempos...encaro a realidade na margem do tempo, não me quero distrair de mim porque o silêncio há anos que me persegue, pensamento firme e concludente.Deixa-me ter-te a cada instante, inventar-te novamente para que te encontres...sou toda sensações, pensamentos quentes.Existir nada significa, o importante é ser-se alguém...Desvio o olhar, reflicto um momento...adoro a tua imagem...descobri-a por mero acaso! (...)
Ana Margarida Amorim

E não podemos evitar que a vida
Trabalhe com o seu relógio invisível
Tirando o tempo de tudo que é perecível.
Biquini Cavadão – Impossível

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!
Mario Quintana

Toda vez que falta luz, o invisível nos salta aos olhos.
Piano Bar - Engenheiros do Hawaii

(ilustração: Adrian Tomine)

sábado, 27 de agosto de 2011

AS DIVAS

A diva, nunca. Ela basicamente não era mulher de se entreter

com homens. Não soube? Que ela não era chegada na festa da

surucujuba? Foi que, vestida de noiva, como Sete Quedas, num

eclipse, descreveu-se, e muito crescia, o sinergismo, o terror da

família. Ela quis porque quis, princesas. Sua alma trans-querente.

Ora babando cachoeiras, ora basaltos. Tintas e cores. Águas não-

táteis, não sonoras, não-visuais, águas-salivas devorando meigas

taças de morango. Ela montou-se em tronos moles e transpirou seus

instintos de queda livre. Somos o que cantamos e, não longe dali, a

outra era uma aluna aplicada. Errada e errante. Dessas que ninguém

segura. Face e bocas lindas. Com esta a aveludada se entendeu e

se enfarinhou com desejos de cútis de bonecas. Onde ela pensasse

ou se enroscasse com línguas e mordidelas. Pavão nem ouça. Para

as divas uma gala de macho morria sem paredes. Quase modos que

seja. Carcomiam-se, on-the-rocks, em solidões tarefas e desejos

bimbas. Desde depois que ela conheceu aquela certa zinha, a qual,

ao amor, a escravizou. O baralho da vida tem reis, rainhas, condes

e vis condessas. A vil, a zinha, ela com ela, se fartaram da carne

branca. Não soube? De natal a natal houve, por inteiro, entregarem-

se, e depois nada mais tiveram uma com a outra? Fogo de palha?

Encenação? Pois uma achou este bilhete da outra: "voltei para minhas

faculdades. Parti para... Parti com... De onde... Junto ao...". Lá fora,

ai ai ai, um bando de andorinhas cruzavam o céu como malucas, em

vôos aparentemente arriscados...


Beto Palaio


(pintura: john singer sargent)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011


A SERENATA

Uma noite de lua pálida e gerânios
ele virá com a boca e mão incríveis
tocar flauta no jardin.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
- só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela,se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?

Adélia Prado


O POETA

Já te despedes de mim, Hora.
Teu golpe de asa é o meu açoite.
Só: da boca o que faço agora?
Que faço do dia, da noite?

Sem paz, sem amor, sem teto,
caminho pela vida afora.
Tudo aquilo em que ponho afeto
fica mais rico e me devora.

Rainer Maria Rilke


Conheço apenas o medo, é verdade, tanto medo que me sufoca, que me deixa a boca aberta mas sem fôlego, como alguém a quem falta o ar; ou noutras alturas, deixo de ouvir e fico subitamente surda para o mundo. Bato os pés e não ouço nada. Grito e não percebo nem mesmo um pouco do meu grito. E também às vezes, quando estou deitada o medo volta a assaltar-me, o terror profundo do silêncio e do que poderá sair desse silêncio para me atingir e bata nas paredes das minhas têmporas, um grande, sufocante pavor. Eu então bato nas paredes, no chão, para acabar com o silêncio. Bato, canto, assobio com persistência até mandar o medo embora

Anaïs Nin

( bocas: Tati Viana)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

TRÊS EDIÇÕES FOTOGRÁFICAS DE KRISTIN FOUQUET.

TESOUROS TRANSITÓRIOS

GRAFITES DA GRAY AREA

ACIMA DO CHÃO

tributo às ostras (clique acima)

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

THE EGG,

By Doug Rice


So much depends on this married couple
standing in their kitchen looking out the window at the rain falling on their rose garden. An egg floats in midair between the two of them. Not a real egg. A metaphor. This married couple, however, refuses to stand Sally and Upton Brady, 1962.for anything else. They are real. The salad they are making is real. They both have dreams and hopes and fears. He keeps the yard perfectly manicured in ways that frighten his friends. She buys groceries. She always uses canvas shopping bags. They both have suffered. They both speak barely above a whisper. For years, neither husband nor wife has actually heard what the other has said. Earlier in their relationship one of them heard the other say: What? But that was long ago. Years forgotten. Years that have fled out windows, slipped through doors. Years afraid to stay locked away in this house, this gated community. Now they are too tired. They know too much about each other that they wish they did not know but that they cannot forget. They do not question each other. They no longer question themselves. He wanders dark alleys during his lunch breaks. She no longer surprises him in his office. She has not returned a phone call in years. Decades. Friends have stopped calling. Her family has forgotten her. Both husband and wife continue to talk to each other. They have always been civil. She remembers lost children. An empty womb. Barren. She does not accuse him. Nor does she accuse his family. He leaves each morning wearing shoes he found in the hall closet. She lingers over her coffee and worries that refined sugar kills.


Tudo depende deste casal de pé em sua cozinha, olhando pela janela na chuva que cai em seu jardim de rosas. Um ovo flutua no ar entre os dois. Não um ovo real. É uma metáfora. Este casal, no entanto, recusa-se a ficar impune. Eles são reais. A salada que eles estão fazendo é real.Ambos têm sonhos e esperanças e medos. Ele mantém o quintal tão bem cuidado de forma a impressionar seus amigos. Ela compra mantimentos. Ela sempre usa sacolas de lona. Ambos têm sofrido. Ambos falam pouco mais que um sussurro. Durante anos, nem marido nem esposa tem realmente ouviu o que o outro disse. Anteriormente, em sua relação um deles ouviu o outro dizer: O quê? Mas isso foi há muito tempo atrás. Os anos que fugiram pela janela. Anos com medo de ficarem trancados em casa. Agora, eles estão muito cansados​​. Eles sabem muito um sobre o outro, mais do que desejariam saber. Eles não se questionam uns aos outros. Eles já não se perguntam nada. Ele vagueia por becos escuros durante os intervalos do almoço. Ela já não o surpreende em seu escritório. Ela não retornou uma ligação telefônica sequer em anos. Décadas. Amigos pararam de ligar. Sua família se esqueceu dela. Ambos, marido e mulher continuam a se tratar bem. Eles sempre foram civilizados. Ela se lembra de filhos improváveis. Um útero vazio. Estéril. Ela não o acusa. Ela também não acusa a sua família. Ele sai todas as manhãs usando sapatos que quarda no armário do corredor. Ela divaga no café, inclusive com preocupações de que o açúcar refinado mata.


Doug Rice é o autor de Dream Memoirs of A Fabulist. Também escreveu Blood of Mugwump, Skin Prayer e A Good Cuntboy is Hard to Find.


terça-feira, 23 de agosto de 2011

NOITES NEANDERTAIS NA TAVERNA

Míseros eremitas vivendo num mundo que não compartilho. Fazer o outro afundar. Essa a meta do embarcado em segredo. Da tripulação salvam-se o capitão, a sua mulher, o narrador e dois marinheiros, Todos iam NUMA jangada. Apos sândalo tempo, SEM Água e SEM comida, conseqüências, mapas, inverdades. Os Dois marinheiros SIDO levados Pelo mar, Os Três tiram uma sorte par ver qual morrerá e servirá de Alimento parágrafo nos corredores de areia reinava tranquilidade, OS Outros. O capitão perde, Mas nao aceita Seu Destino e Luta Por SUA Vida. Elementos perde A Luta e Bertram eA Esposa COMEM o capitão Pela Falta de Alimentos, mantendo-SE Por Dois dias. Quando Os Dois JÁ estao na Praia, torna-os dóceis, já fracos Pela fome, uma mulher, a moça com que você dançou, Pede Por hum Último Momento de amor pingos de SUA Morte, seu escárnio imortal, e Bertram Acaba sufocando-a Teme também ele Por uma digna Morte. A moça decide se tornar menina, onde sua liberdade, forte no Coração de Toda grande mulher Que o deixou fugir Juntos Acreditar, quase fria, revendo fotos, Mas elementos amarelecidos logotipo si entedia della em trapos A serviços o Seu caçador Que o FAZ Supor Que É o vende los hum jogo de Cartas parágrafo hum pirata. A Seu grande senhor, Mas Semper cordéis Sujeito EAo do Coração Dela Dividida entre a razão e a improbidade. A moça envenena o pirata e joga si Águas NAS fazer esperta, admirada, mulher amada.oceano. Na Itália, o narrador decide suicidar-se, Mas quando vai faze-lo e salva Por hum marinheiro Quem mata um SEM o Querer. Bertram sândalo Passa Tempo no Navio, UMA Corveta, o Suficiente parágrafo Conhecer uma Esposa do capitão e apaixonar-SE Por ELA, Sendo Correspondido. Em meio uma ESSE Caso amoroso, o Navio e Atacado Por Piratas e afunda, nao SEM um companheiro, ELA mata um elemento do Contestado, Muito Menos desafiado POIs quando ISSO Acontece, está online de Armas e AO Pequeno Filho, fugindo com Bertram. Nem passamos da sala de visita. Um dia, SEM Maiores sair da cama, Na estrada Comprida, Lhe fazia Companhia , O cachorro Urubu, Uma espécie de Companhia , enquanto lobotomiza, Uma espécie de Noel Negro e flamenguista, que sobrevoava a normalidade humana!!?? e lá de cima, até hoje, Ri, até hoje, Ri às pampas, porquê A gente vive correndo Sei lá as pampas, pacas, o Wolverine Valadão. E ambos despertaram ao mesmo tempo de meu sonho com Goethe na imagem do velho sábio. Wolverine deixou as costeletas ao mesmo indivisível tempo. Wolverine deixou as costeletas crescerem, E Raul decidiu ser um fora da lei. Nunca trepava num trem. Nunca trepava de Camisa de Vênus, e só andava de metrô Linha Vênus, e gaveta Para o Sono vir. Como o fóssil foi encontrado Nas Ilhas vir. Como o fóssil foi encontrado Nas Ilhas de "Seychales", Foi batizado por Vômito Seychales. Mas o de "Seychales", tido como o Neanderthal chefe, Que vivia passando mal havia encontrado sua meta que hamou de Raul Seixas, a tal descoberta. O fóssil foi Raul Seixas. O fóssil foi condenado, a ficar numa geladeira que ainda não condenado, não tinha sido inventada. Coisas de Escher e Jerônimus Bosch, ou de qualquer outro holandês filha da puta, como o Schjneider, que a filha desse cara que foi condenado a viver Na Terra -pobre e desconhecido -pobre coitado - Assim como eu e você, coitado - só porquê eu tinha de arranjar uma camisa social foi contaminado Pelo vírus "Maluco-Beleza", Aquele que só come quando bate a fome. só que só/só dorme quando bate o sonho, Só se masturba, quando prefere a Fantasia. E quando quando prefere a intervenção playboy. Quantos momentos divididos. E quando bate a insônia, Ao invés de Carneirinhos, Conta ele baseado, na insônia, massa fervilhante de Para o Sono pulando de gaveta em da "Pedra PteroNature", Lá nas Cavernas de Massachussets, (Não adianta, é sempre lá. E eu gosto é sempre lá. E gosto do som que faz Massachussets), Descobriu que ele não veio, Veio dele saltando uma segunda figura tipo Coelho, que surgiram num misto de nave do Plact, Plunct, Zoom (TEXTUMIXTU METADE NOITES NA TAVERNA DO ALVARES DE AZEVEDO E METADE PARA SUJEITOS “NORMAIS” DO EDUARDO MINC) Juntado e neandertalizado por Beto Palaio.

Pintura: óleo de Jens Hesse

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

CONTOS DA INTRÉPIDA VIAJANTE.

1

Capitão Fridtjof não fazia idéia de onde se encontrava seu garboso
barco viking. Bússolas desnorteadas. Runas sem respostas. Loiras
cabeças cozinhavam sob elmos sem brilho, debaixo de sol escaldante.
Marinheira caldeirada de homens. Ninguém se atrevia olhar o mapa.
Aquela planície sem fim de areia e cores intrigava a todos. O vento
morno e o mar calmo de águas quentes lembravam um grande lago.
Líquido de amores. Feminino ventre. A exaustão e fome precisavam
baixar âncoras. O masculino necessita explicação. Razão resposta.
Botes ao mar! Na praia deserta e sem fim, areias potiguares e
vítreoscascalhos. Miragem multicor. Botas estilhaçam o espectro
de Newton. Um gato preto descalço mia. Uma tribo de ébano passa
ao largo. Na falta de ciência e lógica tudo é atribuído ao calor e ao
cansaço. Peregrinação contínua. Pequenas mulheres aladas voejam
lançando sorrisos intanlegíveis. Negros seios redondos e firmes.
Encanto estupefato. Ao longe uma duna. Depois uma floresta de
olmos, seguida de fiordes e galegas esposamantes. Mar escandinavo!
A bruxa-anã marinha estala o dedo. O coletivo torpor é findo...

2

Do alto da árvore mãe só se via água, o tempo destemperou-se em
fogo e inundações. Agarrados ao tronco, suculentos e gordos frutos,
famílias inteiras de gente-bicho e todo tipo de insetos num empurra-
empurra de ônibus em fim de expediente. Ponto final. Parada. Tanto
corre-corre para nada. Inocentes e culpados, santas e meretrizes
mais, canalhas e cidadãos exemplares menos todos no mesmo frágil
galho. Farinhas no mesmo saco.Injustiça final. Os urubus esperam
ansiosos a cesta básica providencial. Tempo de seca, fome e miséria.
Madames de botox e tal carbonex intoxicam incautos vermes. Se
dos pobres é o reino, melhor enterro também. Adubo natural, sem
agrotóxicos. O irreal é manchete de jornal. O avesso é falta de direito
do cidadão. O proconada bateu as portas em narizes quebrados.
Noé caiu na água e desmanchou-se diante de quem só sobrou. A
mulher de ancas largas é boa parideira. O delegado foi comido pelos
volantes predadores. O bispo fugiu com a freira apaixonada pela
noviça. Ninguém a quem se queixar. Só o vô Sigmundo, já velho e
meio surdo. De repente falta luz e a tv sai do ar...O silêncio é total. O
mundo mudado emudeceu!

3

Nunca foi exatamente o que se estabeleceu por normal. Hiper-cinética,
falante, agitada, rebelde, desafiadora e insone. Cigana de si inventava
viagens–fuga a cada penca de abacaxis. Era a forma de se impor
prazos para resolver todas as lesmas tetraplégicas pendências que
se arrastavam lerdas pelo chão da casa e os obesos problemas
que ela mesma engordava. Naquele dia, como se não bastasse o
embananamento em que se encontrava, decidiu revirar os fantasmas
que habitavam as gavetas, a procura de um desimportante papiro em
particular. Estava em fase de overdose de si mesma. Na ausência
do tesouro de tolo ficou tão enloucofurecida que quase se atirava
pela janela, não sem antes anteceder tudo que estivesse à mão
inclusive a fiel escrava. Raiva faraônica... No piso os invertebrados se
retorciam por entre os papéis. Na cabeça os vermes da compulsão
comiam os pensamentos lúcidos... De repente largou tudo! Vestiu uma
calcinha, calçou os chinelos, meteu-se no roupão e foi se mumificar no
sarcófago de derreter loucura. Tamoutnéfret, cantante de Amon, e sua
gentil escriba, hieroglifava o ditado testamento diário... A barca dos
livros aguardava no rio...


Mônica Vasconcelos

Mônica Vasconcelos é uma escritora. Mas prefere ser mesmo a arquiteta e fotógrafa que é. Ela não vê a escrita como algo essencialmente necessário e urgente. Mônica, contudo, é dotada de um estilo fractal marcante. Em geral, nos seus mini-contos, os personagens não têm determinação suficiente para durarem além de um parágrafo. Mas que se eternizam mesmo assim. É o caso do Capitão Fridtjof que foi, inclusive, tema de uma xilogravura no Atelier J. Dantas, o mais conceituado no Brasil em se tratando de ilustração de cordéis, mesmo que Mônica nunca tenha escrito um cordél que seja. Porém ela imita na vida a coragem do Capitão Fridtjof, como quando alugou um jipe na Groenlândia e empreendeu sozinha uma viagem por aquele país mergulhado eternamente em neblinas num ambiente de costões isolados e recortados. Salve, Mônica, não pare de escrever, brava e destemida escritora!

domingo, 21 de agosto de 2011


roll the dice

role o dado


Charles Bukowski


if you’re going to try, go all the way. otherwise, don’t even

start. if you’re going to try, go all the way. this could mean

losing girlfriends, wives, relatives, jobs and maybe your mind.

go all the way. it could mean not eating for 3 or 4 days. it could

mean freezing on a park bench. it could mean jail, it could

mean derision, mockery, isolation. isolation is the gift, all the

others are a test of your endurance, of how much you really

want to do it. and you’ll do it despite rejection and the worst

odds and it will be better than anything else you can imagine. if

you’re going to try, go all the way. there is no other feeling like

that. you will be alone with the gods and the nights will flame

with fire. do it, do it, do it. do it. all the way all the way. you

will ride life straight to perfect laughter, its the only good fight

there is.


Se você for tentar, tente até o fim. Caso contrário, nem

começe. Se for tentar, tente até o final. Isto pode significar

perder namoradas, esposas, parentes, empregos. E, talvez até

seu juízo. Pode significar não comer nada por três ou quatro

dias. Pode significar morrer de frio num banco de praça. Pode

significar cadeia. Pode significar escárnio, desprezo, desdém.

Isso pode significar zombaria, isolamento. Um grande lance

é o isolamento, uma benção. Todos os outros são um teste para

sua resistência. Do quanto realmente você deseja que

aconteça. E assim vai ser, apesar da rejeição, na pior das

probabilidades. Será melhor que qualquer coisa que possa

imaginar. Se você tentar, tente até o fim. Não há outro

sentimento como este. Você ficará sozinho com os deuses. E as

noites serão insanas como o fogo. Você guiará sua vida direto

para a felicidade ilimitada. É a única coisa pela qual vale a pena lutar.