RECADO
Os
dias, os canteiros,
deram
agora para morrer como nos museus
em
crepúsculos de convalescença e verniz
a
ferrugem substituída ao pólen vivo.
São
frutas de parafina
pintadas
de amarelo e afinadas
na
perspectiva de febre que mente a morte.
Ao
responsável por isso,
quem
quer que seja,
mando
dizer que tenho um sexo
e
um nome que é mais que um púcaro de fogo;
meu
corpo mutilado em fachos.
Às
mortes que me preparam e me servem
na
bandeja,
sobrevivo,
que
a minha eu mesmo a faço,
sobre
a carne da perna,
certo,
como
abro as páginas de um livro
e
obrigo o tempo a ser verdade.
FERREIRA GULLAR
Arte: Edvard Munch
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