Pornô
Ele chupa-te.
Tu te ajoelhas
para que ele
te pegue por trás.
Depois
pequenos fracassos
diálogos poupados.
Alguns tostões
dos dele
juntam-se aos teus.
Quanto mais de Felicidade
pode a vida trazer-te?
Enio Mainardi
Ele chupa-te.
Tu te ajoelhas
para que ele
te pegue por trás.
Depois
pequenos fracassos
diálogos poupados.
Alguns tostões
dos dele
juntam-se aos teus.
Quanto mais de Felicidade
pode a vida trazer-te?
Enio Mainardi
TRINTA E TRÊS INCLUSÕES AVULSAS DE DEUS
(Para Marguerite Yourcenar)
Deus está em tudo. Mas. Geralmente. Com os olhos semicerrados. Nos sentimos uns trastes quando acordamos. Mastins do sono que ainda nos perseguem. Um olhar torto para o céu que está revestido de nuvens escuras. O mar de manhã é, na friagem, tão inimigo de espalhar águas agradáveis. Talvez. Por estar oculto. Numa confraria de neblinas que teimam em esconder a beleza das águas que se espicham e voltam ao mesmo lugar de antes. O pensamento nos leva a outras umidades latentes. Como a certos nichos instalados na serrania acolá, também camuflada. Nestes recantos. O barulho das fontes nos rochedos rolando sobre paredes ígneas. Um milagre de ofertas tão diversas que nos ocorrem. Próprio do ventar permanente que açoita o mar em direção à uma pequena ilha. Ou aqui mesmo, neste jardim ocluso, uma abelha que procura por seu sustento de flor em flor. Alguns bancos de madeira já carcomidos pelo tempo. Uma praça pouco freqüentada, mesmo no verão. Pouco tempo antes. Dois meses para sermos exatos. Um cálido final de tarde. Mostrava um conjunto de pássaros que partiam para veranear no sul. Este vôo triangular dos cisnes parece que se repete nas nuvens que agora correm. Repleta de cordeirinhos recém-nascidos. Frios que se adivinham. Nas vozes que chegam desde galpões forrados de feno. No mugido doce da vaca, o qual não difere muito do selvagem touro. Ou do mugido paciente do boi. Todos lamentam pelo capim seco. Sonham com seus prados particulares. Quentes como o fogo vermelho no fogão. Ideal para as narinas cansadas do confinamento. O cheiro do capim novo brotando da terra. Quando os passarinhos de vôo curto surgem no meio dos tufos de grama. Também eles cultuam a terra boa. Os gorjeios que repetem a harmonia de uma peça musical milenar. Pacientes talvez. Como a garça que esperou toda noite, meio enregelada, e que vai matar sua fome ao nascer do sol. Frêmito de vida. Regida fielmente. Por um. Deus que existe. Mesmo no peixinho que desistiu de lutar, já agonizante no papo da garça. Um resumo que não agrada. Ao final feliz todos somos capacitados. Assim pensamos. Que a vida não passa de um capricho de algum louco quixotesco. O desmiolado que se apresenta para torcer nosso nariz quando pedimos carinho. Dele não planejamos dúvidas. Um toque de razão que acaba por nos tornar também ridículos. Quando nosso tato se revela. Mãos que entram em contato com o que existe. De frio, de tépido, de quente ou de afável. Nossa pele e toda superfície do corpo. O olhar que tudo abrange. As nove portas da percepção. Um corpo querido que revele algures. O torso feminino ao espelho. Som de beijos em acolhida. O farfalhar de roupas que se espalha no afã do amor. O som da respiração apressada. Ao passo de danças. Som de viola num repique. Som da flauta indígena prestigiando o vôo do condor. Um gole na aguardente que queima nossa alma. Um gole na água fria que corre entre pedras num riacho. O vinho à mesa. Ofertas. Do pão que sacia nossa fome. Mãos que se procuram. Passos por um caminho sombreado por árvores frutíferas. Súbito. A revelação de flores que nascem para cumprimentar a primavera. Um sonho tudo isto. Como um bom sono na cama. Nossa juventude preservada na aragem. Uma réstia de conhecimento que se afirma. Como um cego que canta sua canção decorada. Uma criança proibida de brincar com outros garotos. Mesmo na febre da enfermidade temporária. Adivinha que outros passos infantis brincam ali perto. Tal qual cavalos que correm em campo aberto. Frutos de nossa livre vida. A cadela sendo seguida por sua ninhada. O sol nascendo sobre um lago enregelado. Ou o relâmpago silencioso. Mesclando o céu de certezas. Um temporal que jamais irá se apresentar. Quando num repente. Um estrondo de trovão. E a conversa de dois amigos silencia. Aquela voz abrupta, gigantesca, que veio do leste, entra pela percepção de nossos ouvidos, e nos ensinam mais uma das músicas de Deus. A voz grave do relógio de prata de nosso Criador. Se a gente reparasse. Viveríamos a cada instante imersos na alegria de existir. Devolvendo para Deus a prata mesclada com o ouro dos nossos sentimentos.
Beto Palaio
Crosby, Still, Nash & Young – (Helpless) Sem remédio.
THE NATURE POEM
The moon
is Hamlet
on a motorcyle
coming down
a dark road.
He is wearing
a black leather
jacket and
boots.
I have
nowhere
to go.
I will ride
all night.
O POEMA NATURAL
A lua
é Hamlet
numa motocicleta
descendo
uma rua escura.
Ela está usando
um blusão
de couro
e botas.
Eu não tenho
lugar nenhum
para ir.
Vou perambular
a noite toda.
SOLOMBRA
Aquele pequeno restaurante dentro de um hotel, em Copacabana, está praticamente vazio. O incrível. É que. Nem um tubarão-garrafa mamaria tanto quanto Solombra mamou de uísque na noite anterior. Como consequência. Arre, e afia, o fígado, quando ele acordou pela manhã. “Me dá um pingado de pimenta”, ele pediu isto ao garçom, que já se preparava para lhe servir, apesar de ser ainda muito cedo, o café da manhã. Solombra falava em ingerir um copo cheio de pimenta, o que deixou o garçom sem saber que atitude tomar. Solombra então grita com ele: “Haja? Pois, se não haja, osga para você!”. Este improvável cliente lhe arrenega com o sinal característico de desprezo, se exibindo malcriado, ao colocar um braço aninhado no cotovelo do outro braço. Naquele momento ele está péssimo. Disfarçava os arrotos. Olhava para as mesas vazias fingindo ver pessoas conhecidas. “Olá, há quanto tempo, heim?... Como vai essa excelente pessoa?”. Fingia tirar um chapéu que jamais existiu em sua cabeça. Com a perspectiva de alguma influência cósmica. Pode ser que a manhã lá fora estivesse louca. Chovia e fazia sol. Estava calor e ventava frio. Enquanto isto, “valha-me, Deus”, o garçom evitava vir à mesa de Solombra. Achava-o completamente febril e inconseqüente. “Vi a ponta de um revolver sob o paletó dele”, com reservas justificáveis, o garçom temia qualquer loucura vindo da parte de Solombra. Como de fato. Ele estava ali para esperar por uma mulher e matá-la. “Haja o que houver, mato-a, depois eu me entendo com as autoridades... Ademais ela é uma vagabunda... E também, pouco me importa o que aconteça comigo, pois todos têm o direito a um primeiro crime... Isto está escrito na lei”. Logo Solombra faz um sinal para o garçom chamando-o ostensivamente. O garçom enche-se de coragem e chega até sua mesa. Quando se aproxima, Solombra junta dois de seus longos dedos fechados, apontando para si mesmo. O garçom tremia. Claramente não era afeito à violências, muito menos cara a cara com o perigo. “Olha, garçom... Vou lhe pedir uma coisinha... Porque essa cara de espanto, homem?... Escuta... Você conhece a moça sueca do quinto andar?”. Sem esperar resposta, Solombra dá um murro violento na mesa do restaurante e concluí o que quis falar: “pois vou matá-la hoje... Está entendendo?”. Como se fosse uma estória inverossímil que se passa num subúrbio de Chicago, num livro chamado Os Matadores, em complô com outro livro denominado Um País Cheio de Suecos. Naquele restaurante do Rio de Janeiro, um abissal Solombra usa os artefatos que está sobre a mesa para demonstrar sua tática: coloca o açucareiro como sendo ele mesmo, o maioral, deposita na frente do açucareiro um pequeno saleiro para representar a loira sueca e, por fim, põe com cuidado um pedaço de pão entre esses dois itens dizendo que aquilo representava o garçom. “Veja só que lhe explico como faria sua professora primária”, Solombra respira fundo e continua, “esse açucareiro aqui carece de estar perto daquele saleiro ali... Entendeu?... Mas necessita de informações precisas desse naco de pão aqui... Entendeu mesmo?”. Depois Solombra quis saber quem mais estava ali no restaurante. O garçom falou que era o cozinheiro que estava no reservado aquecendo os pratos. “Chame aqui o cozinheiro”, decretou Solombra. O garçom quis rir desse pedido, sorriu na verdade, cumprindo algo dentro dele mesmo, por medo do que lhe ocorresse, ou o respeito que tinha pelas normas do hotel. “Mas, senhor...”, com isto Solombra alisou o revolver, por cima do paletó, como se fosse retirá-lo do coldre. “Sim, senhor...”, completou o garçom e saiu rapidamente em direção ao reservado. Logo ele surge acompanhado de um senhor nordestino, cara de índio, que estava de avental e capuz branco. O cozinheiro esfrega as mãos no avental sem parar e aguarda o Solombra se espreguiçar e depois voltar a sua posição natural na mesa. “O senhor é o cozinheiro?”, e sem esperar pela resposta: “pois bem... Não quero nenhuma conversa aqui dentro a não ser para atenderem a sueca que, pelos meus cálculos, deve estar já descendo pelo elevador... Ela sempre vem tomar seu café quando são sete e trinta em ponto, não é?”. Ambos, cozinheiro e garçom fizeram que sim com a cabeça. “Então faltam apenas dez minutos para a festa...”. Olhando ainda para o cozinheiro, ele pediu um prato rápido: “faça para mim um misto-quente... Com pouco presunto... Ok?”. E continuou ali esperando pela moça sueca que chegaria em apenas nove minutos, aliás em oito minutos, aliás em sete minutos, aliás em seis minutos, aliás em cinco minutos, aliás em quatro minutos, aliás em três minutos, aliás em dois minutos, aliás em um minuto... Aliás, ela não veio hoje... Algo aconteceu que a sueca não desceu para seu desjejum... Solombra nem chegou a tocar no seu misto-quente... Agradeceu resmungando ao garçom e saiu pela porta automática de vidro que se abre quando uma pessoa se aproxima dela... Depois Solombra foi andar pelas ruas de Copacabana, enquanto a loura sueca ainda dormia entre os travesseiros em seu quarto de hotel.
Beto Palaio
Evandro Affonso Ferreira (Araxá MG 1945). Contista, romancista e livreiro. Abandona a escola aos 10 anos para trabalhar na loja de calçados do pai. Vive em Brasília entre 1959 e 1962. Em 1963 transfere-se com a família para a cidade de São Paulo, e emprega-se em um banco até 1978. Depois, trabalha como redator publicitário até sofrer um infarto, em 1990. Após passar um mês no hospital, decide dedicar-se integralmente à literatura: em 1991 monta o sebo Sagarana, com o acervo de 3 mil volumes que tem em casa. Cinco anos depois, publica um livro de humor, Bombons Recheados de Cicuta, hoje renegado pelo próprio autor. No ano 2000 publica Grogotó!, livro que define um estilo pessoal e chama a atenção da crítica: com 73 contos curtos, alguns deles com menos de 30 palavras, Ferreira demonstra forte atração pela sonoridade dos vocábulos (muitas vezes recolhidos ou inspirados no tupi ou no iorubá), pela inventividade do léxico, pelo humor cáustico e por desfechos inesperados. Em 2002 fecha o sebo. Nos anos seguintes publica os romancesErefuê, Zaratempô! e Catrâmbias!. Em 2005 retoma a atividade de livreiro, monta um novo sebo em São Paulo, o Avalovara.
O PÉ DE CHUCHU DE MINHA AVÓ E A REVOLUÇÃO DE 64.
Porque esse xis? Apague o xis. Ponha. Um pouco de cor lá. É tudo amarelo lá? Porque essa cor de palha? Tudo é feito de palha? Guardando o material de classe. Faltam dois minutos para darem o sinal de saída. Indo direto para o anexo da sacristia. Um catecismo para cumprir a primeira comunhão. “Só tu conduz. A graça, a luz”. O menino dormia até no ônibus urbano. Indo. Sempre de sono. Em sono. Sem perspectiva nenhuma. O povo é submisso. Correrias. Tudo para lá. Na volta. Tudo para cá. Na ida. E chega o final do dia. Abro o portão de casa. “Oi mãe, cheguei”, era assim que eu sempre entrava em casa. “Mãe, você acha que o mundo vai acabar mesmo em 1960?”. Perguntinhas que caíram no gosto popular em 1959. O desenho todo era caótico. Entretanto. Zefa garantiu que sim. “Uma beleza de rabisco no papel de embrulho”. Sonatas sobrenaturais para viver o corriqueiro da folhinha. Perda de tempo colorida. Perfume de bolo no forno. Picadinho de sabonete para fabricar detergente. “Não chateia, meu filho... E leva esse pedaço de bolo para sua avó”. Lá vou eu com um pratinho embrulhado em guardanapo de pano. “De mãe para mãe”. No correio do coração. Mãe é Zefa. Mãe é Maria. Mãe é Catita. Mãe é profundidade. “Pode melhorar a sombra desse abismo no desenho. Assim está sem profundidade”. Minha mãe ouvia novela no rádio. Intensa Magia. Lá fora, entretanto, surgiam as marcas, surpresas engatilhadas, dos anos sessenta. O pavão de Janeiro de 1960 mostrava suas belezas fugazes. Um fósforo Granada: minha namorada se chama Ana, eu lhe pedi Grana, ela disse que não tinha Nada. Por pouco. Ali perto. Assistimos ao adestramento de compasso do exército brasileiro. Perdidas ilusões. Comercial de TV com o Brasil de calças curtas. Cinema gratuito antes do filme principal. Uma chuva de granizo acabou com o chuchuzeiro da vovó. “Renascerá, em outros quintais. Este aqui. O meu chuchuzeiro, nunca mais”. Vidas que passam como luzes que se apagam. Mas enquanto viveram. Foram. Rosas por demais honrosas. Especialmente na palavra ternura. Votos de felicidade pelo novo ano. 1960. Irreconhecível, no diário, onde coisa alguma é besteira. “Esse menino não tem dono?”. Tal e qual. Cabelo e pés encardidos. Um pequeno hippie temporão. Eu ficava sentado do lado da máquina de costura de minha avó. Observando que ela costurava fardamentos verdes para o exército brasileiro. Depois minha avó juntava a produção da semana. Sábado era dia de féria. “Vamos ser úteis para a pátria... Ou você pensa que a vida é só brincadeira?”. Ia com minha avó Maria entregar a costura no quartel em Santana. Tanto pacote verde-azeitona saía daquele taxi! Vai ver que foi minha avó quem colaborou indiretamente para a Revolução de 1964: “se ela se recusasse a costurar para o exército brasileiro. Será que haveria aquele enxame de soldados na rua em Março de 1964?”. Livre pensar é só pensar. Imaginemos então que a tomada de poder pelos militares em 31 de Março de 1964 não tivesse dado certo. Logo surgiria o revide dos comunistas: “junte as coisas, vó... A contra-revolução vem aqui confiscar sua máquina de costura Singer”, e ela, luz no que estaria acontecendo, diria simplesmente, enquanto ainda, continuaria impávida e colossalmente, costurar uma calça verde-azeitona: “sou o tipo de mulher que não nasceu para ser caçada”. Quietamente. No quintal pobre. Lá fora, perto do muro. Uma muda de chuchu foi replantada. As folhas pequeninas despontam. Não há pressa. Logo, talvez em 1967, ou 1968, o chuchuzeiro da vovó estará novamente carregado de chuchus.
Beto Palaio
A CARNE
A carne cobre os ossos e colocam uma mente ali dentro e algumas vezes uma alma.
E as mulheres quebram vasos contra as paredes e os homens bebem demais e ninguém encontra o par ideal, mas seguem na procura rastejando para dentro e para fora dos leitos.
A carne cobre os ossos e a carne busca muito mais do que mera carne.
De fato, não há qualquer chance: estamos todos presos a um destino singular. Ninguém nunca encontra o par ideal.
As lixeiras da cidade se completam, os ferros-velhos se completam, os hospícios se completam, as sepulturas se completam, mas nada mais se completa.
Charles Bukowski
POEMA EM LINHA RETA
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma covardia!
Não, são todos o Ideal, se os ouço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Álvaro de Campos
(leitura de Osmar Prado em O Clone)
Silver Street in Cripplegate - Ralph Agas - 1633
Boatos de que o próprio rei
Onde ele costumava tomar cerveja
Nada acabou senão a madeira e a palha
Da alma sincera a união
Duvida até da luz dos astros
Que norteia velas errantes
A monstruosidade do amor
Loucura temperada,doçura refinada
Mar de lagrimas dos amantes
O tempo é muito lento
Para os que esperam. E rápido
Para os que têm medo
Tua cabeleira ao arame é igual
Mas tal rosa a sua face não iguala
Por ti todas as culpas eu suporto
Vergado pela própria dimensão
Por que hei de temer a perfídia
A melhor sala de aula do mundo
O sonho, o amor e a fantasia
Sofrem tempestades sem nunca findar
Boa é a noite que amanhece o dia
1) Silver Street é a rua onde morou Shakespeare em Londres.
2) As frases foram colhidas em textos diversos de Shakespeare.