A reminiscência
das flores
das flores
essa veste muda,
germinada e petalada, nas janelas de vinho, em amparos que carregam uma taça com a delicadeza própria do vitral colorido, descostura os dígitos das roupas enegrecidas, descostura a matéria, desviando à dor, à investigação, ao peito da escuridão.
germinada e petalada, nas janelas de vinho, em amparos que carregam uma taça com a delicadeza própria do vitral colorido, descostura os dígitos das roupas enegrecidas, descostura a matéria, desviando à dor, à investigação, ao peito da escuridão.
A reminiscência
das flores
das flores
essa efemeridade que pousa
na fala — ah!; essa reminiscência que me relata por onde passaste, por onde o
teu perfume foi exalado, por onde as veredas foram seduzidas por ti, por onde
teus pés foram derramados como saibro; a reminiscência de um tempo, em
fevereiro, na estação quando varandamos como pássaros feridos de estrelas, essa
reminiscência revolta, exata, que crepita as chamas no corpo.
A reminiscência
das flores
das flores
essa luz a quem confio o
meu fado de amor solitário, no qual me visto de silêncio.
Solange Damião.
Poema de Solange Damião / Pintura de Anna Marinova
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