JORNAL SEM DATA
I
Tudo tão na hora
que te antecipo, já,
um peixe
que ainda irei buscar
no mar.
Ou dou-te, já, uma flor
que ainda me virá
do Japão.
Como se a tivesse, já,
na mão.
Tudo tão já,
sem onde, nem quando,
que o caçador me vende
um pás-
saro ainda voando.
Adianta-se o ponteiro
da hora exata
para a hora imediata.
A vida, um jornal de hoje
mas sem data.
II
Manhã e amanhã
incesto mágico do tempo
no calendário
de Roma e da romã,
do homem e do canário.
CASSIANO RICARDO
Pintura: O nó e o retorno ao ninho, pintura de TOYEN de 1950
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