sexta-feira, 24 de junho de 2011

Era uma vez um homem que tinha uma galinha. Subitamente, em dia inesperado, a galinha pôs um ovo de ouro. Ouro!
Outro dia, outro ovo. Outro ovo de ouro! O homem mal podia dormir:
Esperava todas as manhãs pelo ovo de ouro – clara, gema, gala, tudo de ouro! – que o tiraria da miséria aos poucos, e aos poucos o ia guindando ao milionarismo. O fato, que antigamente poderia passar despercebido, na data de hoje atraia verdadeiras multidões. E não só multidões. Rádio, jornais, televisão, tudo entrevistava o homem, pedindo-lhe impressões, querendo saber detalhes de como acontecera o espantoso acontecimento. E a galinha, também, dando aqui e ali seus shows diante dos jornais, câmeras, microfones.
Certa vez, mesmo num esforço de reportagem, conseguiu pôr um ovo diante da câmara da TV. Porém, o tempo passou e muito antes que o homem conseguisse ficar rico, a galinha deixou de botar ovos de ouro. Desesperado, o homem foi ocultando o fato até que certo dia, não se contendo mais, abriu a galinha para apanhar os ovos que ela tivesse lá dentro. Para sua surpresa, não havia nenhum.
Então o homem – espirito bem moderno – resolveu explorar o nome que lhe ficara do acontecimento e abriu um enorme Galeto, com o sugestivo nome de Aos Ovos de Ouro. E isso lhe deu muito mais dinheiro do que a galinha propriamento dita.


Moral: Crie galinhas e deita-te no ninho.


Millôr Fernandes

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