JUDITE E ANTONIA
Sobre duas mulheres
apaixonadas e de como passaram a morar juntas. Tudo parecia estar às mil
maravilhas entre elas, até que uma delas conheceu Antonia. Embora nunca
tivessem se visto antes. Judite e Antonia estavam pedalando suas bicicletas no
parque local. Foi quando ficaram lado a lado, numa abrupta coincidência,
naquele esplêndido dia de sol. Estava mesmo um belo dia de brisa morna, com cada uma
cuidando de pedalar sua própria bicicleta. Então houve uma ação rápida do
destino. Foi quando uma bola colorida passou por elas e, atrás da bola, uma
menina esperta que nem olhou para o lado quando atravessou na frente das
bicicletas. “Geralmente estamos distraídos para tudo, não é mesmo?”, Antonia
disse isto com um sorriso lindo e elas ficaram amigas na mesma hora. O que
houve entre elas naquele Domingo de sol foi que estacionaram as bicicletas sob
uma frondosa árvore. Ali conversaram quase o dia inteiro, sem sentirem fome ou
sede, apenas empolgadas com tudo o que descobriam de comum para a constatação
de que havia algo mágico entre elas. Judite, entretanto, não falou sobre sua
namorada, e Antonia também não falou que estava sozinha após a separação de um
noivado que se arrastou por mais de quatro anos. Por fim. Elas marcaram de
pedalar novos assuntos, no mesmo local, para o próximo Domingo. Na Segunda
choveu. Na Terça garoou. Na Quarta o céu estava encoberto. Na Quinta choveu de
novo. Na Sexta choveu mais ainda. No Sábado o dia clareou. No Domingo o sol
brilhou lindamente. A semana passou depressa. Judite veio com sua bicicleta no
dia combinado, mas Antonia não apareceu. Judite ficou deveras preocupada e
resolveu passar no endereço que Antonia deixara para ela. O prédio onde Antonia
morava não ficava muito longe do caminho que Judite fazia, vindo do parque,
para voltar para casa. Então ela resolveu passar no apartamento de Antonia.
Vejam a surpresa: um envelope esperava por Judite na portaria. Parece até que
Antonia adivinhou da preocupação de Judite após esperar por ela no parque. Um
papel pardo continha um belo conjunto palavras, escritas com zelo, sem
expressarem um único rasgo de ambiguidade Ali Antonia manifestava seu sentimento
por não ter ido se encontrar com Judite no parque. Dizia que algo terrível
acontecera com ela, sem entrar em particularidades. O bilhete continha ainda revelações que Judite não leu em voz alta. Preferiu chegar em casa, se ocultar
no banheiro, amassar a carta e acender um fósforo para finalmente queimá-la. Os
restos de carvão desceram com a descarga para que nenhum vestígio ficasse por
ali. Depois Judite foi para a cozinha preparar algo para receber sua namorada
Deolinda. Com isto Judite procurou esquecer sobre aquela carta fatídica que
poderia haver proporcionado uma ponte valiosa entre um e outro ser neste
planeta, mas que foi lentamente amassada e incinerada para que Antonia
continuasse a ser apenas uma boa lembrança. Uma luminosa lembrança, aliás...
Beto
Palaio
2 comentários:
Muito bom o conto, mas gostaria de saber o teor da carta...rsrs. Vai ter continuação?
Parabéns, pela sua intensa criatividade.
Bjs.
Grato, Mô... Quanto à carta, pense você numa versão e publique aqui... Quem sabe publicarei outra versão a respeito (sem compromisso com o verdadeiro teor dessa carta destinada ao fogo)... Nossa, quanto mistério!!!
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