segunda-feira, 28 de janeiro de 2013



JUDITE E ANTONIA

Sobre duas mulheres apaixonadas e de como passaram a morar juntas. Tudo parecia estar às mil maravilhas entre elas, até que uma delas conheceu Antonia. Embora nunca tivessem se visto antes. Judite e Antonia estavam pedalando suas bicicletas no parque local. Foi quando ficaram lado a lado, numa abrupta coincidência, naquele esplêndido dia de sol. Estava mesmo um belo dia de brisa morna, com cada uma cuidando de pedalar sua própria bicicleta. Então houve uma ação rápida do destino. Foi quando uma bola colorida passou por elas e, atrás da bola, uma menina esperta que nem olhou para o lado quando atravessou na frente das bicicletas. “Geralmente estamos distraídos para tudo, não é mesmo?”, Antonia disse isto com um sorriso lindo e elas ficaram amigas na mesma hora. O que houve entre elas naquele Domingo de sol foi que estacionaram as bicicletas sob uma frondosa árvore. Ali conversaram quase o dia inteiro, sem sentirem fome ou sede, apenas empolgadas com tudo o que descobriam de comum para a constatação de que havia algo mágico entre elas. Judite, entretanto, não falou sobre sua namorada, e Antonia também não falou que estava sozinha após a separação de um noivado que se arrastou por mais de quatro anos. Por fim. Elas marcaram de pedalar novos assuntos, no mesmo local, para o próximo Domingo. Na Segunda choveu. Na Terça garoou. Na Quarta o céu estava encoberto. Na Quinta choveu de novo. Na Sexta choveu mais ainda. No Sábado o dia clareou. No Domingo o sol brilhou lindamente. A semana passou depressa. Judite veio com sua bicicleta no dia combinado, mas Antonia não apareceu. Judite ficou deveras preocupada e resolveu passar no endereço que Antonia deixara para ela. O prédio onde Antonia morava não ficava muito longe do caminho que Judite fazia, vindo do parque, para voltar para casa. Então ela resolveu passar no apartamento de Antonia. Vejam a surpresa: um envelope esperava por Judite na portaria. Parece até que Antonia adivinhou da preocupação de Judite após esperar por ela no parque. Um papel pardo continha um belo conjunto palavras, escritas com zelo, sem expressarem um único rasgo de ambiguidade  Ali Antonia  manifestava seu sentimento por não ter ido se encontrar com Judite no parque. Dizia que algo terrível acontecera com ela, sem entrar em particularidades. O bilhete continha ainda revelações que Judite não leu em voz alta. Preferiu chegar em casa, se ocultar no banheiro, amassar a carta e acender um fósforo para finalmente queimá-la. Os restos de carvão desceram com a descarga para que nenhum vestígio ficasse por ali. Depois Judite foi para a cozinha preparar algo para receber sua namorada Deolinda. Com isto Judite procurou esquecer sobre aquela carta fatídica que poderia haver proporcionado uma ponte valiosa entre um e outro ser neste planeta, mas que foi lentamente amassada e incinerada para que Antonia continuasse a ser apenas uma boa lembrança. Uma luminosa lembrança, aliás...


Beto Palaio

2 comentários:

Ianê Mello disse...

Muito bom o conto, mas gostaria de saber o teor da carta...rsrs. Vai ter continuação?
Parabéns, pela sua intensa criatividade.
Bjs.

Beto Palaio disse...

Grato, Mô... Quanto à carta, pense você numa versão e publique aqui... Quem sabe publicarei outra versão a respeito (sem compromisso com o verdadeiro teor dessa carta destinada ao fogo)... Nossa, quanto mistério!!!