domingo, 17 de julho de 2011

PAGU NO PARQUE


O grito possante da chaminé envolve o bairro. Os retardatários voam, beirando a parede da fábrica, granulada, longa, coroada de bicos. Resfolegam como cães cansados, para não perder o dia. Uma chinelinha vermelha é largada sem contraforte na sarjeta. Um pé descalço se fere nos cacos de uma garrafa de leite. Uma garota parda vai pulando e chorando alcançar a porta negra.

O último pontapé na bola de meia.

O apito acabara num sopro. As máquinas se movimentam com desespero. A rua está triste e deserta. Cascas de bananas. O resto da fumaça fugindo. Sangue misturado com leite.
Na grande penitenciária social os teares se elevam e marcham esgoelando.

(Parque industrial)


CLIQUE:



Nenhum comentário: