PAGU NO PARQUE
O grito possante da chaminé envolve o bairro. Os retardatários voam, beirando a parede da fábrica, granulada, longa, coroada de bicos. Resfolegam como cães cansados, para não perder o dia. Uma chinelinha vermelha é largada sem contraforte na sarjeta. Um pé descalço se fere nos cacos de uma garrafa de leite. Uma garota parda vai pulando e chorando alcançar a porta negra.
O último pontapé na bola de meia.
O apito acabara num sopro. As máquinas se movimentam com desespero. A rua está triste e deserta. Cascas de bananas. O resto da fumaça fugindo. Sangue misturado com leite.
Na grande penitenciária social os teares se elevam e marcham esgoelando.
(Parque industrial)
CLIQUE:
Nenhum comentário:
Postar um comentário