sábado, 27 de agosto de 2011

AS DIVAS

A diva, nunca. Ela basicamente não era mulher de se entreter

com homens. Não soube? Que ela não era chegada na festa da

surucujuba? Foi que, vestida de noiva, como Sete Quedas, num

eclipse, descreveu-se, e muito crescia, o sinergismo, o terror da

família. Ela quis porque quis, princesas. Sua alma trans-querente.

Ora babando cachoeiras, ora basaltos. Tintas e cores. Águas não-

táteis, não sonoras, não-visuais, águas-salivas devorando meigas

taças de morango. Ela montou-se em tronos moles e transpirou seus

instintos de queda livre. Somos o que cantamos e, não longe dali, a

outra era uma aluna aplicada. Errada e errante. Dessas que ninguém

segura. Face e bocas lindas. Com esta a aveludada se entendeu e

se enfarinhou com desejos de cútis de bonecas. Onde ela pensasse

ou se enroscasse com línguas e mordidelas. Pavão nem ouça. Para

as divas uma gala de macho morria sem paredes. Quase modos que

seja. Carcomiam-se, on-the-rocks, em solidões tarefas e desejos

bimbas. Desde depois que ela conheceu aquela certa zinha, a qual,

ao amor, a escravizou. O baralho da vida tem reis, rainhas, condes

e vis condessas. A vil, a zinha, ela com ela, se fartaram da carne

branca. Não soube? De natal a natal houve, por inteiro, entregarem-

se, e depois nada mais tiveram uma com a outra? Fogo de palha?

Encenação? Pois uma achou este bilhete da outra: "voltei para minhas

faculdades. Parti para... Parti com... De onde... Junto ao...". Lá fora,

ai ai ai, um bando de andorinhas cruzavam o céu como malucas, em

vôos aparentemente arriscados...


Beto Palaio


(pintura: john singer sargent)

Nenhum comentário: