AS DIVAS
A diva, nunca. Ela basicamente não era mulher de se entreter
com homens. Não soube? Que ela não era chegada na festa da
surucujuba? Foi que, vestida de noiva, como Sete Quedas, num
eclipse, descreveu-se, e muito crescia, o sinergismo, o terror da
família. Ela quis porque quis, princesas. Sua alma trans-querente.
Ora babando cachoeiras, ora basaltos. Tintas e cores. Águas não-
táteis, não sonoras, não-visuais, águas-salivas devorando meigas
taças de morango. Ela montou-se em tronos moles e transpirou seus
instintos de queda livre. Somos o que cantamos e, não longe dali, a
outra era uma aluna aplicada. Errada e errante. Dessas que ninguém
segura. Face e bocas lindas. Com esta a aveludada se entendeu e
se enfarinhou com desejos de cútis de bonecas. Onde ela pensasse
ou se enroscasse com línguas e mordidelas. Pavão nem ouça. Para
as divas uma gala de macho morria sem paredes. Quase modos que
seja. Carcomiam-se, on-the-rocks, em solidões tarefas e desejos
bimbas. Desde depois que ela conheceu aquela certa zinha, a qual,
ao amor, a escravizou. O baralho da vida tem reis, rainhas, condes
e vis condessas. A vil, a zinha, ela com ela, se fartaram da carne
branca. Não soube? De natal a natal houve, por inteiro, entregarem-
se, e depois nada mais tiveram uma com a outra? Fogo de palha?
Encenação? Pois uma achou este bilhete da outra: "voltei para minhas
faculdades. Parti para... Parti com... De onde... Junto ao...". Lá fora,
ai ai ai, um bando de andorinhas cruzavam o céu como malucas, em
vôos aparentemente arriscados...
Beto Palaio
(pintura: john singer sargent)
Nenhum comentário:
Postar um comentário