segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Percebo melhor a direção das nuvens se paro de caminhar.

Quando mordo uma fatia de melão, ela dissimula minha boca.

Quando eu penso intensamente em alguma coisa, eu deixo de ver aquilo que eu estou olhando.

Ao mexer minhas pernas com força eu espanto a mosca que havia pousado ali.

Quando coço a cabeça sob um gorro de lã o gorro se desloca.

Com um simples movimento de língua, eu desloco um pedaço de amendoim preso entre dois dentes.

Quando caminho, há sempre um de meus pés que desaparece atrás de mim.

Quando eu cheiro um filete de lavanda, o filete pode acabar em uma de minhas narinas

Conforme a parte do corpo que eu coce, produzo um som diferente.

Quando cruzo as pernas embaixo da mesa, às vezes bato com o joelho.

Parado sob o sol, graças à posição de meu ombro, posso, de maneira aproximada, saber que horas são.

Quando eu fecho meu olho esquerdo ou direito e envesgo o outro, posso ver meu nariz.

Às vezes eu quero pousar um cotovelo na mesa e o cotovelo desliza sobre o vazio.

Com um monte de livros nos braços, subo uma escada sem olhar os degraus.

Ao roçar a ponta dos dedos contra os lábios eu simulo um beijo.

Posso produzir um barulho considerável se continuo a sugar com o canudinho o líquido que restou no fundo de um copo.

NATHALIE QUINTANE

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