terça-feira, 20 de março de 2012


A tevê a cores como estrada feudal e magma.


ALÊU E A SEREIA (II)


AFãdeUMcom+EÇO= Não, não adianta não admitir. A tevê a cores é um magma quase concreto, às plumas, encorpado, em lambe-lambe, multi assediante, tal qualquer coisa que nos encobre e obscurece. Assim parecidíssima. À vista ou tato. Com um irreverente furacão equatorial. Faíscas curtas em momentos obtusos. Uma estrada feudal. Aperfeiçoada, sim. Com esportes e sorteios. Enquadra-se que. O boxeador Cassius Clay estava treme-treme na imagem da televisão, entretanto, seu desafiante foi eliminado logo no segundo round. O massacre estatizante acontece enquanto a imagem da tevê empresta sua caleidoscópica luz àquele quarto imundo em Belém-do-Pará. Aqui também, rumo ao nocaute, eis que o moreno Alêu dava uma geral, um chega mais, uma lambança de afetos, numa bela turquinha. E as tais turquinhas pecadoras eram o que nunca escasseavam em sua vida perambulante. Um metro e setenta e cinco de erraticidade. Alêu é o amante do “ver para crer”, do “lance bacaninha”, do “ferro na boneca”, do “barato total”. Tanto que. No campo mítico. Onde Davi bateu Golias. Na nula turbação de um pacífico despertar. Agora se enfrentava visagens de carabina na mão. Porque o xis da questão é vexatório. Sendo, deste ou desse ou daquele modo, ele acabou mesmo por carnear e desfolhar o tal cabaço sagrado. Travou-se com a chincha obtusa. Vórtex irrefreável. Lambou-se, isto dito, com a venturosa sereia das águas. O inexato é que sim. Que talvez. Até que se prove o reverso. Sabe-se agora. Ao resolvido rei das peles claras. No tudo. Ferros e bois. Pois Alêu, no registro sendo Aleuzenev da Silva, é alma safa, e indivíduo aprontado para grandes invenções. Ao arremate de que. Depois dele proclamar haver sarado a mulher-peixe. Ditoso ou desditoso. Logo gastou opinião de que as escamas dela o desenganaram. Desviando riachos para construir açudes. Melhor que ninguém. Soube explicar. Que bem macias são as carnes da sereia. Em vãs satisfações. Do chazinho morno ao mambo quente. Mulher para mais de um batalhão. Monstruosa no amor. Uma porta aberta para o paraíso. Inclusive Alêu não fazia segredo: “os brancos seios dela igualam-se ao marzipam e à baunilha. Doces no igual”. Culpa-se. Tanto empenho no abranger. Da alma merecer o expiar? Qual será o arremate disto? Desde o alento de recordar a meninice. Esmagando sob as botinas as bolinhas do fícus benjamim. Esperando pelo cometa. No tempo do Rei Juscelino. Verde-amarelismo em preto e branco. Pará-de-Minas, 1957. Do A de Abelha ao Z de Zabumba. Para fixarmos a idéia e não divagar. Bagana boa é de Aquidauana. No caminho dos cisnes. Aleuzenev no céu com turmalinas. Lambeu-se. No bê-á-bá. Ao mirar sua primeira professorinha, desenhou-a como uma estampa da Eucalol. Metade peixe e metade mulher. Ao eterno. O que vem do amor tem usos de proveito. Nas mãos mágicas do moleque. Quando até aos marulhos do mar claramente ele ouviu. Posto que o desenho, inquieto de alma, sobejou em peso real. Sereia sendo. A ocasião irá cunhar o embuste. O truque verdadeiro. Quando um gesto suave lhe sujeita. Ao momento em que a floresta tem olhos e ouve. O peixe-sereia se revestirá do inusitado brilho. O futuro há de arquitetar. Assim que serenar os ferros na tinta de lembrar. Aulas sobre coisas que nunca mudam. No Jequitinhonha o beiçal de uma canoa clama por travessias. Desde as tábuas da beirada. Algas e algo. Desamor mole, parede gorda, flor por fazer. A história volve, volve e não vai à parte alguma. Num lundu de Azerbaijão. Flores do ipê amarelo quebrantam a paisagem. Entretanto as letras flamejantes não estão a ofuscar-se. Apresentam-se marombadas e encharcadas de combustível. E fremem por quilometragem. Para assim viajarmos, sem pressa, entre ruídos, luzes e falas incomensuráveis. Fornadas de visagens surgindo. Em direção às profundezas da iniciação...


Beto Palaio

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